quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

OPERAÇÃO DALLAS

Um dia a casa caí. Caiu para a quadrilha do desvio de cargas do porto de Paranaguá. Tomara que seja uma atitude exemplar. Não pelo gosto sádico do escândalo, mas, para que as máscaras caiam e vejamos a verdadeira face das autoridades e homens públicos que constroem para si personagens tão íntegros. Com caras dos santos do pau oco e paladinos moralizadores, se achavam no direito de meter o dedo na cara dos outros cobrando composturas. O ex-superintendente da APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) preso no Rio de Janeiro, Daniel Lúcio, que o diga. A corda arrebentou do ladinho dele.
Bem-feito para todos. À magnânima elite dos intocáveis assim como, por motivo oposto, ao sr. Delegado Federal de Paranaguá, Jorge Luis Fayad Nazário, que assume o papel do justiceiro. Lamentável que o delegado não pudesse falar como desejaria aos jornalistas e demais presentes. Mas ele, em off, fazia comentários pontuais ou mostrava nas entrelinhas o seu pensamento linear.
A começar pelo silêncio dos nomes – aquilo que todo jornalista buscava, de fato - para não afetar a “privacidade dos envolvidos” como determina a lei para os grandões. Alguns nomes acabavam sendo liberados como pistas de gincana. Um jornalista citou o nome de um respeitável empresário parnanguara ao qual o delegado respondeu: “É você que está falando”, porém o seu sorriso satisfeito não deixou dúvidas que o interlocutor estava no caminho certo. “Mesmo porque daqui uma semana vai estar divulgado quando vier à tona todo o resultado”. O delegado está impedido, segundo ele, de falar pela ética uma vez que não houve condenação, etc. e tal.
Para eles o tratamento é VIP porque sabem cobrar “direitinho” os seus Direitos. Durante a coletiva com a imprensa, homens elegantemente trajados no recinto poderiam ser advogados...
Há cerca de dois anos em Paranaguá, o delegado disse o que lhe chamou muita atenção foi o contraste da riqueza do porto contra a carência da comunidade e que era necessário fazer uma distinção da situação política para priorizar a situação social.
Dr.Fayad disse ainda que além do desvio de cargas mais casos estão sendo investigados: licitações fraudulentas, contratos irregulares, propinas...Só numa operação a comissão foi um veleiro que está sendo rastreado e, ao que tudo indica estaria em Paraty. Uma criança de dois anos, filha de um envolvido, já é dono de um apartamento considerável. Isto é que se chama de futuro promissor... É muita sujeira, segundo o delegado que foi sendo descoberta por desdobramento das investigações. Fotografamos o material apreendido e dali, segundo o delegado, novos indícios já aparecem como notas fiscais frias, dinheiro e duplicatas...
Tudo começou com o desvio das cargas e já se chegou ao número de cinco milhões de dólares de propina para a aquisição da draga, até ao favorecimento de empresas próprias para explorarem o porto, como no caso da limpeza. Tudo muito igual às notícias nacionais, quando o dinheiro público só serve para locupletar os poderosos. Tem investigações que poderão não chegar a termo porque empresas envolvidas estão em conluio com os investigados, portanto... O pior é que esta quadrilha está prejudicando a imagem do porto lá fora. Há muitos anos o segmento sério da comunidade portuária vinha fazendo esta denúncia, inclusive na ACIAP. O combate deste mal era uma das incansáveis bandeiras do colunista, Antonio Carlos Corrêa, falecido há dois anos.
E La nave vá...
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