terça-feira, 14 de julho de 2009

CELSINHO LÜCK

Já que estamos falando de artistas, o nosso querido conterrâneo está muito feliz e, nós que o admiramos, também. Em breve, Celsinho estará nos brindando com um livro de fotografias e textos, aprovado pela Lei Rouanet, que vai divulgar a nossa cidade com esmero, muita poesia e beleza. Digno de uma cidade com tanta história e maravilhas naturais como a nossa.
O trabalho do artista recebeu o incentivo do TCP e da Unimed e, de tão bom que está, deixou patrocinadores, literalmente, a ver navios. Num suspiro, ou melhor, numa olhadinha, a cota de patrocinadores acabou. Isto por si só já é uma garantia da qualidade da obra que a nossa querida Paranaguá estará recebendo.
Lück continua sendo o mesmo garoto prodígio de olhar atento e foco engajado. Um menino que sobressaiu na época do rock e no auge da cultura americanizada fazendo exatamente aquilo que os demais deixavam para trás: destacou a nossa cultura popular com o seu premiado filme sobre o Mané da Paz, um feitor de instrumentos do nosso fandango.
Agora ele ressurge com este livro, que será mais um legítimo tributo à Paranaguá, que anda tão desgastada e carente. Celsinho virá para oferecer uma nova visão do território aos seus quase 160 mil habitantes, elevando a nossa auto-estima e contribuindo para a divulgação das nossas potencialidades turísticas e, especialmente, mostrando o olhar certeiro de um artista que tem o coração na retina.

ATENÇÃO, ARTISTAS PLÁSTICOS PARNANGUARAS!

Para a minha feliz surpresa, dia destes recebi um telefonema da amiga, Andréa Paula, que reside em Toronto, no Canadá. Andréa é uma legitima “bagrinha”, como ela própria de intitula, com muito orgulho. Filha do sr. Jorge e dona Elide Maccagi, esta parnanguarinha está circulando com desenvoltura no mundo das artes do hemisfério norte.
Entre seus contatos diretos estão Bill e Melinda Gates só para se ter uma idéia. O casal esta contribuindo com a moça para a inauguração de uma clínica, no Brasil, para autistas com quem Andréa trabalha em arte-terapia.
Além de artista conceituada, ela tem um escritório que representa autores brasileiros e de vários outros paises, o Andréa Paula Internacional Art Office. Atualmente o escritório está se preparando para uma grande feira internacional que vai acontecer em outubro, em Nova Iorque.
Durante uma entrevista para a Globo Internacional, no programa “Planeta Brasil” – voltado para divulgação de brasileiros que cresceram fora do país – Andréa foi convidada pelo consulado brasileiro de Toronto para representação destes artistas em todas as feiras internacionais dirigidas às grandes galerias. Estes eventos têm o aval da embaixada brasileira.
A razão de a Andréa ter me ligado é o desejo de representar artistas parnanguaras. Disse-me que não se conformava em ter inúmeros artistas internacionais e nenhum Bagrinho no seu rol. Fica aqui a dica para aqueles que se interessarem em fazer carreira no exterior. Quem quiser, passa um e-mail para a Andréa no ap.br@rogers.com e combina a questão.
http://www.sempalavras.com.br/site/galerias/108

terça-feira, 7 de julho de 2009

O SHOW PRECISA CONTINUAR

Liguei e olhei para a televisão e vi a imagem do Michael Jackson de braços abertos. Embora a cena remetia à crucificação, Michael, sorria feliz, completo... No palco, um dos irmãos cantava emocionado a música predileta dele – melosa e tocante como o autor - Charles Chaplim.
Uma estranheza invadiu o meu espírito. O quê significava aquilo? Os Beatles já haviam dito que eram mais populares que Cristo.
Será que vai ser um vale de lágrimas? Será que o sofrimento dele foi
tanto- Quanto?
Nunca! O ensaio do funeral estava mais para comédia do que tragédia. Muito emblemático: Será que acabou-se a era dos enterros sofridos? Até engraçado de ver milhares e milhares de fãs legítimos e os de última hora ostentando o bilhete premiado das exéquias. A alegria era contagiante. Até eu me arrependi de não ter tentado pegar o papel para guardar no meu bauzinho. Parecia que conseguir aquele ingresso histórico - para ver o enterro mais pop e retumbante do mundo – é de fato um símbolo, algo para marcar a era Jackson: a.MJ e d.MJ.
O tom do funeral estava diferente daquilo que se anunciava através dos preparativos, dos desencontros. O que eu vi foi que conseguiram fazer um ato solene, teatral e belo como convém a um tributo. Emocionante, principalmente porque foi um trabalho ou um acontecimento de resgate da imagem pública de alguém perante a humanidade ao vivo. (Não estou exagerando, não é mesmo? Afinal o mundo deveria estar interligado de cabo a rabo.)
O que vi foi um evento plasticamente lindo. Nobre e florido. Sóbrio. Comecei a gostar e, muito, daquilo que ouvia a Brooke Shields falando. Ela estava me apresentando um ser humano bonito e, creio, também desconhecido para a grande parte. A maioria de nós conhecia o outro lado da história. Aquele, que todos nós também sabemos e conhecemos neste mundo da mídia em busca de notícias sensacionalistas.
Durante as apresentações do evento, a criança Michael foi muito homenageada, projetada, paparicada e acarinhada, principalmente pela família. Depois da morte do cantor, foi uma over dose de notícias cheias de sofrimento do pequeno Jackson nas mãos do pai. Hoje, foi confortante vê-lo recebendo enfim: paz e doçura. (Lembro, nestes dias tão perversos, de Che Guevara e a sua frase, também, emblemática que nos avisava que poderíamos endurecer a luta, porém não deveríamos perder a ternura, jamais.)
Na seqüência vi e ouvi o depoimento dos filhos de Martin Luther King e foi grandioso ouvi-los falar. Os dois transmitiram a mesma ênfase e entusiasmo do pai pela humanidade.
Ser coroa tem algumas vantagens, entre elas ter ouvido o velho Luther King falando e nos contagiando. Aquele vozeirão bem entonado e claríssimo como água de fonte, o pai, nos encheu de sonhos e nos apontou direções. Foi por Martin Luther King, que tive uma das minhas primeiras discórdias com o Senhor Jesus Cristo, aos 14 anos, quando descobri a frase dele, na Bíblia, onde Ele se auto-intitulava o caminho, a verdade e a vida, e o chamei de “prepotente” sem saber que o Luther King, nada mais era do que um farol retransmitindo a luz do Mestre. Senti os jovens King fazendo o mesmo.
Eles nos apontaram o ideal do ser humano por trás de Michael - aquele que não conhecíamos - assim como não reconhecemos - muitas vezes – o humano da nossa própria casa e das esquinas da vida. Os King, com propriedade e o mesmo timbre paterno, tiraram a máscara do velho preconceito e nos fizeram questionar - afinal de contas - onde está a verdade? Aqui, em casa concordamos que é possível se relacionar amorosamente com crianças sem necessariamente rolar um segundo interesse.
Brincar ou não querer crescer é opção e, obviamente é bem melhor do que enfrentar as responsabilidades do adulto. Se pudesse também queria uma Neverland para guardar a infância que não volta jamais, como dizia o cruel e realista poeta.
Creio que depois de hoje saberemos a extensão do poder da mídia ( e do espetáculo) na mudança de conceitos.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Revivendo...


Os dias seguem o curso sob o sol. Do nada, se faz o riso ou o pranto. Por mais que me custe admitir Michael Jackson faz parte da minha vida. Sem dúvidas, a minha geração viu um imenso espelho midiático ser criado. De repente, todos, estávamos ligados na morte de Michael Jackson. Por mais que não estivesse a fim de evocar tristezas, fazer balanço, separar joio do trigo...fiquei comovida.
Creio, no fundo, não quis foi ver como resultou o mito e o que sobrou do frágil ser humano que nos representa por amostragem.
Optei em não ficar grudada na televisão, porém não pude deixar de ouvir o que se cantava e falava naquele dia 26, com sabor de nostalgia. Uma conexão intensa e emotiva me capturou.
Pude perceber, dos meus 57 anos 41, foram com ele dentro da minha geração, fazendo trilha sonora das nossas vida.
A notícia foi um momento de fazer reflexões. Será que parei para pensar e sentir o significado disto tudo personificado na efêmera figura humana do mito. De fato?
Longe da vã filosofia crepuscular sou levada pelo destino a falar do melhor lado dos fatos. Como jornalista sei que tudo tem dois lados; como fotógrafa: muitos. Descobri que havia muito mais vida na morte de Michael Jackson, do que poderia imaginar.
Enquanto estava sendo dada a notícia da morte do Rei do POP fui ao SESC ouvir sobre a criação da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios. Apesar da noite fria e chuvosa, estávamos lá. Minha eterna “Melhor Amiga”, Célia Regina Pinho Schüller também estava. Ela veio de “guia” para a comadre curitibana, Betinha, abrir novas frentes para o FECOMÉRCIO em terras Carijó. Este foi a parte mágica.
No dia seguinte...
... Com Michael e Celinha voltei ao tempo. Voltei ao ontem. Fui para lá. Voltamos juntas. Voltei a perceber detalhes que já haviam sido. Esquecidos. Dentre tantas banalidades humanas e, principalmente das minhas, reconhecer o valor de um amigo verdadeiro é um bálsamo que refrigera e alimenta a alma de qualquer caminhante no meio deste gigantesco faz-de-conta de consumo e oportunismos descartáveis.





Celinha Pinho, com 1,50m - a Salário Mínimo e eu, 1,72m - a Custo de Vida, estávamos mais unidas do que nunca nestes, também, 41 anos de amizade - em parte - graças ao repertório dos Jackson Five e Michael Jackson. Com um som destes entrando pelos poros, fui selecionando cenas memoráveis do Hotel Central. Das festinhas. Da Praça Fernando Amaro. Do dancing day. Daquele cotidiano de final dos anos 60 e início dos 70, numa Paranaguá romântica.
Enquanto a Betinha mostrava as vantagens de estarmos unidas para fazer prosperar o sistema associativista, Celinha e eu, brindávamos a vida que nos unia, outra vez.
Nesse encontro, escolhemos a lembrança da partida de basquete como uma das nossas sacadas geniais: Durante os jogos de educação física, fazia escadinha para Celinha encestar. Independente das regras. Independente dos papéis. Juntas, éramos gigante. Ríamos e sabíamos que éramos felizes, sonhadoras e idealistas. Honestas!... Amigas, que aparecem de geração em geração. No momento certo. Na hora certa...
Depois de muitas décadas a Celinha veio, com toda propriedade que o amor dá, trazer uma resposta para uma das pergunta que move o mundo: Vale a pena?
Ela me contou de como a havia salvado de uma situação constrangedora que eu não lembrava. A professora estava passando um sabão daqueles porque ela não havia feito a tarefa e resolveu usá-la de mau exemplo. Celinha recordou que aquele momento foi um dos seus piores. Estava no fundo do poço, quando eu teria levantado e dito para a professora que também não havia feito o exercício.
Óh! Se foi: Que bom! Foi o melhor mau exemplo da vida.
Não lembro! Certamente foi uma escolha que eu fiz entre ficar “na minha” e expor a timidez. A recompensa veio, agora, num abraço imenso, infinito, ao som de Michael Jackson.
Forever!

(Texto mexido, inicialmente publicado na coluna Coisas de Mulher, da Folha do Litoral em 01/07/09)