quarta-feira, 10 de junho de 2009

A VOLTA DO ROQUINHO PAZ E AMOR?


Foi muito boa e prazerosa esta conversa com o recém empossado deputado estadual eleito pelo PSB e atualmente no PMDB de Paranaguá, Mário Manoel das Dores Roque.
Bom ouvir as palavras inteligentes de quem está dando um olé na vida. Merecidamente. Roque está voltando manso. (Serão eles - os mansos - que herdarão a terra?) Aparentemente Roque está em paz com ele e a vida. Amadurecido espiritualmente ou até mesmo: escaldado, popularmente falando.
Ele falou com a propriedade daqueles que se acreditam protegidos e agraciados por Deus. Lapidados na vida. Sabe que a sua vida daria um bom livro. De fato, ele tem ingredientes, que bem aplicados, podem render ótima leitura. Ele sabe que muito depende só dele a outra parte fica no encargo de Deus, da vida, da sorte...
Ele reconhece que na sua vida nada vem sem a luta. Sabe que tem estrela e sabe também que as suas conquistas só chegam depois da segunda tentativa. Confessou. Isto já se tornou regra. Se ele não consegue de primeira, não pendura a luva, sem uma segunda tentativa. Pelo menos. “Sou tinhoso”, ressaltou. Tanto que Roque pedia à Deus uma segunda chance para resgatar a sua história política iniciada, orgulhosamente, em sindicato e não “merecia acabar daquele jeito saindo quase como um vilão”, dizia o Roque.
Ele se esqueceu da minha presença e vai narrando as motivações, sinceros desejos de contribuir com Paranaguá e de como se fez um prefeito que revolucionou o perfil urbano da cidade. Narrava tin-tim por tin-tim. De como avançou em diversas frentes ao mesmo tempo. De como imprimiu um estilo bem assimilado pela comunidade. Porem, contudo, todavia...
Vai me contando tudo como uma grande novidade.
Durante a conversa, gostaria de avisar-lhe para pular aqueles trechos e avançarmos porque afinal estávamos ao celular... Impossível! Ele não queria me ouvir... Queria falar...
Ele me fez perceber que não estava falando para comover uma eleitora, mas, como um sincero desabafo para que eu pudesse partilhar a sua visão. Ele tem razão em muitas queixas. Tem trechos que são uma verdadeira sacanagem de estórias de traições e baixarias. “A política é a pior coisa que existe”, reconheceu.
Depois desta - quando nem túnel existia, que dirá a luz dando sinal - eis que o inesperado acontece e o Vermelho Roque ressurge imbuído de vida e graça.
A vermelha Fênix?
Não dá para deixar de reconhecer que o Roque tem uma bela Estrela. “Deus na frente”, lembra o Roque, que sabia que algo “iria acontecer para devolvendo-lhe a oportunidade de sair da política de cabeça erguida. A vida dá muitas voltas! ”
Sem mágoa, porem consciente de que estava deixando o palco à meia luz, não imaginava voltar (tão cedo) ao cenário, através de uma fatalidade viu-se na iminência e recebeu como Graça o mandato tampão.
Inicialmente, quando soube do acidente, segundo ele, pediu muito que não voltasse para a política com a morte do jovem deputado Carli Filho. Tal qual enredo de folhetim, no dia 29 de maio - dia do aniversário do Roque e depois de muito desgaste para a imagem - o deputado Carli Filho renunciou.
Creio que não seja de mau gosto dizer que houve aí um presente!
Como estava sendo esta volta? Tranqüila, respondeu o ruivo caiçara-zen. Longe das notícias, jornais, rádios, televisão o ex-prefeito de Paranaguá disse que passava seus dias na vidinha simples do interior da baia-mãe. Do jeito como gostava de ser. Longe de tudo e, principalmente longe das intrigas palacianas Longe do mundo “nojento” da política. Refletindo no destino. Repensando a vida.
A Deus pedia mais uma oportunidade para o homem público ser reconhecido por aquilo que fez. “Fui injustiçado” reclamou um Roque inconformado com o julgamento que estaria lhe cabendo na história, o de sair “como vilão” até ouvir a trágica notícia do acidente, enquanto pintava barcos em Ponta de Ubá. “O cargo tinha que ser meu” assumiu o deputado.
Desta vez o Roque não quis mandar avisar que chegou, fazer carreata e buzinaço, jantar...
Ele sabia que chegou e lhe bastou.
Dolly Polasek é jornalista e foi assessora de Comunicação Social nas gestões de prefeito Mário Roque, na Prefeitura de Paranaguá de Janeiro de 1997 até maio de 2002.