quarta-feira, 1 de julho de 2009

Revivendo...


Os dias seguem o curso sob o sol. Do nada, se faz o riso ou o pranto. Por mais que me custe admitir Michael Jackson faz parte da minha vida. Sem dúvidas, a minha geração viu um imenso espelho midiático ser criado. De repente, todos, estávamos ligados na morte de Michael Jackson. Por mais que não estivesse a fim de evocar tristezas, fazer balanço, separar joio do trigo...fiquei comovida.
Creio, no fundo, não quis foi ver como resultou o mito e o que sobrou do frágil ser humano que nos representa por amostragem.
Optei em não ficar grudada na televisão, porém não pude deixar de ouvir o que se cantava e falava naquele dia 26, com sabor de nostalgia. Uma conexão intensa e emotiva me capturou.
Pude perceber, dos meus 57 anos 41, foram com ele dentro da minha geração, fazendo trilha sonora das nossas vida.
A notícia foi um momento de fazer reflexões. Será que parei para pensar e sentir o significado disto tudo personificado na efêmera figura humana do mito. De fato?
Longe da vã filosofia crepuscular sou levada pelo destino a falar do melhor lado dos fatos. Como jornalista sei que tudo tem dois lados; como fotógrafa: muitos. Descobri que havia muito mais vida na morte de Michael Jackson, do que poderia imaginar.
Enquanto estava sendo dada a notícia da morte do Rei do POP fui ao SESC ouvir sobre a criação da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios. Apesar da noite fria e chuvosa, estávamos lá. Minha eterna “Melhor Amiga”, Célia Regina Pinho Schüller também estava. Ela veio de “guia” para a comadre curitibana, Betinha, abrir novas frentes para o FECOMÉRCIO em terras Carijó. Este foi a parte mágica.
No dia seguinte...
... Com Michael e Celinha voltei ao tempo. Voltei ao ontem. Fui para lá. Voltamos juntas. Voltei a perceber detalhes que já haviam sido. Esquecidos. Dentre tantas banalidades humanas e, principalmente das minhas, reconhecer o valor de um amigo verdadeiro é um bálsamo que refrigera e alimenta a alma de qualquer caminhante no meio deste gigantesco faz-de-conta de consumo e oportunismos descartáveis.





Celinha Pinho, com 1,50m - a Salário Mínimo e eu, 1,72m - a Custo de Vida, estávamos mais unidas do que nunca nestes, também, 41 anos de amizade - em parte - graças ao repertório dos Jackson Five e Michael Jackson. Com um som destes entrando pelos poros, fui selecionando cenas memoráveis do Hotel Central. Das festinhas. Da Praça Fernando Amaro. Do dancing day. Daquele cotidiano de final dos anos 60 e início dos 70, numa Paranaguá romântica.
Enquanto a Betinha mostrava as vantagens de estarmos unidas para fazer prosperar o sistema associativista, Celinha e eu, brindávamos a vida que nos unia, outra vez.
Nesse encontro, escolhemos a lembrança da partida de basquete como uma das nossas sacadas geniais: Durante os jogos de educação física, fazia escadinha para Celinha encestar. Independente das regras. Independente dos papéis. Juntas, éramos gigante. Ríamos e sabíamos que éramos felizes, sonhadoras e idealistas. Honestas!... Amigas, que aparecem de geração em geração. No momento certo. Na hora certa...
Depois de muitas décadas a Celinha veio, com toda propriedade que o amor dá, trazer uma resposta para uma das pergunta que move o mundo: Vale a pena?
Ela me contou de como a havia salvado de uma situação constrangedora que eu não lembrava. A professora estava passando um sabão daqueles porque ela não havia feito a tarefa e resolveu usá-la de mau exemplo. Celinha recordou que aquele momento foi um dos seus piores. Estava no fundo do poço, quando eu teria levantado e dito para a professora que também não havia feito o exercício.
Óh! Se foi: Que bom! Foi o melhor mau exemplo da vida.
Não lembro! Certamente foi uma escolha que eu fiz entre ficar “na minha” e expor a timidez. A recompensa veio, agora, num abraço imenso, infinito, ao som de Michael Jackson.
Forever!

(Texto mexido, inicialmente publicado na coluna Coisas de Mulher, da Folha do Litoral em 01/07/09)