quarta-feira, 3 de junho de 2009

Lílian Picanço, uma mulher como poucas...


...Esta mulher dá gosto de chamá-la conterrânea. A Lílian é porreta!!! Desculpem a falta de rococó que, aliás, não é muito do feitio da personagem. Porem, certamente, Paranaguá também sente muito orgulho de tê-la como filha. Porque, por onde passa a Lílian fala que é de Paranaguá. Só está faltando ir ao Jô. Taí, vamos providenciar a pauta para a produção do Jô. A Lílian dá pauta certa, principalmente, se ela me permitir contar os dribles que deu para convencer que era uma boa guerreira.
Vai ser de rolar de rir o Jô interpretando “as coisas de Paranaguá”.
O tempo todo ela dizia para as autoridades constituídas o que queria e sabia onde chegar, mas não lhe davam ouvidos. Até que um dia o prefeito Mário Roque, colocado entre a cruz e a caldeirinha, às cinco de la matina, pela dona Lílian - que foi até a garagem da prefeitura exigir uma audiência – fez o Roque acordar para Jesus.
Depois desta, o prefeito Roque ficou convencido que aquela mulher sabia o quê queria. Percebeu, que ela não era de desistir. No mínimo, era uma teimosa como ele.
Tanto é que ela fez o GAPER ser uma referência nacional. Primeiro, foi um exemplo que o próprio Ministério da Saúde usou. A ong GAPER salva vidas melhorando a qualidade das vidas de crianças e jovens parnanguaras.
Quem tem ou convive com asmático (sinceramente, não sei se é politicamente correto usar o termo depois de tantas expressões éticas novas, tipo o quilométrico afro-descendente...) sabe a dor que é não poder fazer nada para minimizar o sofrimento do outro. A Lílian não deixou por menos: para ajudar o filho Cacá, ela mobilizou mundos e com a sua liderança e disposição fez Acontecer.
O GAPER é uma realidade materializada através do sonho de uma mãe que resolveu enfrentar o caminho das pedras, dos paus e galhos e foi buscar ajuda de qualidade - baseada na informação - para o filho dela e de todas outras mães daqui. Agora, penso que a experiência revelada em Paranaguá já está sendo usada em outros cantos brasileiros.
E, não é só isto: O GAPER saí na frente outra vez, unindo a educação e a saúde. Em agosto, está previsto, um evento para anunciar o projeto pioneiro feito em parceria com a UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Dezesseis escolas estaduais têm professoras fazendo o curso de extensão de Qualificação da Educação em Saúde, assim como alunas do magistério que já estão se capacitando para identificar o problema quando entrarem em sala de aula.
Estas dezesseis escolas estarão dando exemplo para a rede nacional. Quem sabe o exemplar ensino integral daqui passe a fazer educação em Saúde?
É ou não, é para comemorarmos uma parnanguara feito a Lílian?
Porém pelo que ela me confidenciou em off a sua luta continua mas, como ela não desiste, Paranaguá, suas crianças e jovens podem cada vez mais sonhar com uma vida saudável de qualidade, igual a de todos. No GAPER eles aprendem que podem correr, tomar sorvete entre, outras coisas bem mais importante para pais e filhos.
Como disse a própria Lílian no último encontro do dia 1º: “O conhecimento ninguém vai poder tirar”. Vi professoras empolgadas por participar de uma proposta educacional inédita. Parabéns para a Lílian, equipe e os parceiros da UFPR. Paranaguá está se sobressaindo pela competência de uma mulher que ousou ser ousada. Se é que vocês me entendem!

PARANAGUÁ ESTAVA CAMBALEADA AGORA, ENFIM, TOMBADA...


Durante o terceiro café da manhã do prefeito José Baka Filho, com a imprensa realizada no último dia 25, ele queixou-se com razão – pelo menos ao que nos cabe – do pouco caso da mídia local na divulgação do Tombamento Histórico Nacional, do município.
Realmente é um acontecimento que merece ser comemorado, pois lá se vão mais de 20 anos de luta por parte de profissionais do setor, apaixonados pela cultura e autoridades para que Paranaguá conseguisse o título e o reconhecimento como uma importante Cidade Histórica Brasileira.
O significado desta ação são benefícios para o município e para os cidadãos, principalmente aos proprietários de imóveis históricos que vão poder contar com empréstimos da CEF para a conservação dos respectivos. Entre outros fatores.
No final dos anos 80, quando retornamos à cidade, fiz parte do S.O.S Paranaguá, um movimento desencadeado por parnanguaras residentes em Curitiba, que sofriam ao ver o descaso com o nosso patrimônio. O asfalto cobria os paralelepípedos, casarões eram demolidos à torta e direita, sem um pingo de bom senso e noção dos seus significados e, principalmente dos seus valores para a nossa memória, cultura e a economia, como um dos maiores produtos turísticos que tínhamos a oferecer. Aliás, este é o nosso grande diferencial perante as demais cidades, porque temos um dos melhores conjuntos históricos do Sul do país.
Os imóveis eram considerados um empecilho, uma velharia que deveria “tombar” na calada da noite, em nome de uma mentalidade atrasada e da falta de visão dos seus proprietários.
Entre os pioneiros da luta do S.O.S, estavam as irmãs Nora e Sônia Gutierrez, artistas plásticas que baseiam os seus trabalhos em nossa cultura e Maria Adelaide (Daide) Correia, além do especialista José de La Pastina, atual superintendente da 10ª Regional do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Natural que teve a honra de nós trazer a boa notícia.
Por uma questão de justiça histórica quero aqui lembrar o ex-prefeito Carlos Tortato que deu a arrancada para a implantação da revitalização do Centro Histórico, junto com a sua secretária de Obras, a engenheira Maria José Marcondes, trazendo de Curitiba o arquiteto Luiz Marcelo Bertoli de Mattos, especialista em Patrimônio Histórico. Ele veio ser o responsável técnico e implantar o processo, mudar mentalidades e “fazer” cumprir a Lei.
De figura frágil, o arquiteto soube se impor como o mais bravo de todos os guerreiros contra os cegos e incultos brutamontes que não admitiam “ingerência pública” em suas propriedades.
Bertoli, com aval e apoio de Tortato, Rosina Perchen (responsável do Estado) e La Pastina fez um excelente e memorável trabalho que desembocou no Tombamento ora festejado.
Para retratar o cenário da ocasião e os resultados positivos da sua perseverança, lembro quando um empresário local chegou a promover um protesto contra tal “ingerência”, colocando os seus funcionários na rua, com cartazes, para reclamar da postura da prefeitura a favor da “nova” filosofia. Pouquíssimo tempo depois, o mesmo empresário – este, mostrando ser realmente um homem de visão – tornou-se também um admirador e defensor da causa até hoje.
Na seqüência, veio o prefeito Mário Roque que impulsionou o trabalho e fez valer, na prática os resultados positivos da revitalização, restaurando as primeiras casas como a Elfrida Lobo, a Casa Cecy, o Solar da Matriz, a Casa da Cultura, a desapropriação da Casa Veiga, hoje, Teatro Raquel Costa, entre outras intervenções urbanas importantes como a restauração da rua General Carneiro, a Praça de Eventos, a Praça Rosa de Andrade e a proibição do tráfego dos caminhões pesados para não danificar as preciosas edificações.
Agora sim, a comunidade já poderia avaliar o significado e o valor que nós tínhamos e muita coisa mudou de lá para cá.
O prefeito Baka chegou com o propósito de incrementar o processo e retirou o asfalto da rua Faria Sobrinho e está reformando o Solar Dacheux para ser, possivelmente, a Casa da Memória. Ele também está desapropriando o Clube Republicano.
Como dizia Jesus da Galiléia: “Daí a César o quê é de César” e o nosso reconhecimento aos três prefeitos e ao arquiteto Luiz Marcelo que foi o fiel condutor do melhor e maior tombamento que por aqui aconteceu.